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PERÍCIA ESTRUTURAL

A Importância da Manutenção Industrial e Predial

A processo de manutenção periódica de fábricas e prédios é tão importante quanto as etapas de projetos e construção para que as estruturas atinjam o tempo de uso projetado com baixo custo e sem surpresas desagradáveis, devendo ser conduzida por profissionais especialistas durante toda a vida útil de projeto. É imprescindível uma consultoria técnica de profissionais especializados para o seu gerenciamento, visto que, a maioria dos administradores de fábricas e prédios em geral, geralmente são pessoas leigas que não dispõe de conhecimento técnico necessário para conduzir as discussões com os fornecedores de serviços. 

A manutenção preventiva é importante para todo tipo de obra, incluindo também os imóveis projetados e construídos adequadamente. Um dos erros mais comuns que se verifica com frequência é a ação predominante da manutenção corretiva, onde se procura resolver os problemas somente a partir do surgimento das manifestações patológicas, muitas vezes, já em estado avançado. Os custos destas intervenções são em média 25 vezes mais caros do que os custos que seriam desembolsados, caso os problemas fossem identificados na sua fase inicial de Manutenção Preventiva (Lei de Sitter). Por isso, os procedimentos preventivos têm custo baixíssimos, valoriza o imóvel, reduz substancialmente a mobilização com obras de reparação e proporciona a segurança e o conforto das pessoas.

​A manutenção de edifícios residenciais no Brasil é obrigatória e regulada através da NBR 5674/2012 e das Normas de Desempenho, a NBR 15.575/2013 que foi constituída com a finalidade de balizar direitos e obrigações de construtoras, incorporadoras, projetistas, fornecedores de material e construção e até mesmo dos próprios usuários que passam a responder por suas ações ou omissões por períodos que vão bem além dos prazos da garantia legal do edifício. Uma forma adequada para evitar futuros problemas e prejuízos decorrentes de manutenções ineficientes consiste na contratação de uma empresa especializada em GERENCIAMENTO DE MANUTENÇÃO PREDIAL a partir da entrega da edificação. Após a entrega da edificação, a medida que for surgindo os primeiros problemas, o correto seria a contratação de uma empresa especializada em ENGENHARIA DIAGNÓSTICA que fará um raio X nos sistemas construtivos, geralmente utilizando os procedimentos de uma AUDITORIA TÉCNICA onde será executada uma vistoria geral, análise em projetos, memoriais descritivos e em toda a documentação da edificação, apontando responsabilidades para que o condomínio possa pleitear as devidas correções materiais e possíveis danos morais, quando for o caso. Geralmente esta auditoria funciona como um marco do processo de manutenção, proporcionando condições técnicas para o gerenciamento de todos os processos futuros, visando atingir a vida útil de projeto da edificação.

Já a manutenção de estruturas industriais são realizadas em função da necessidade de manter o espaço industrial apto para a produção, conduzindo a enormes prejuízos financeiros, caso haja a omissão de procedimentos preventivos e corretivos.

​Manutenções e Suas Tipologias

​Uma estrutura não tem "vida eterna" e seus materiais se deterioram com o passar do tempo com custos de recuperação estrutural que crescem geometricamente. se você adiar uma intervenção poderá pagar até 125 vezes a mais, segundo a Lei de Sitter.

Portanto, cumprir o cronograma de manutenção de uma edificação traz inúmeras vantagens tanto no campo econômico, quanto na minimização dos transtornos causados com as obras de alta complexidade como são as de reabilitação predial em estado avançado de deterioração.

​Manutenção Preventiva – Consiste em um sistema caracterizado pela aplicação de um programa regular de vistorias e inspeções técnicas, visando prevenir manifestações patológicas nas instalações dos edifícios, com procedimentos de  ajuste, limpeza, lubrificação, substituição de peças, calibração e reparo de componentes de equipamentos, além de uma investigação holística nas principais peças estruturais, identificando possíveis anomalias, ainda na sua fase inicial. Costuma-se dizer que “é melhor prevenir do que remediar” e isso nunca esteve tão presente na necessidade de preservação dos edifícios.

Manutenção Corretiva – Consiste em um método baseado em ações não programadas para recuperar os sistemas construtivos de um edifício. As intervenções somente ocorrem quando os equipamentos perdem as suas funções ou quando a estrutura apresentar um nível de desempenho inferior ao esperado. A manutenção corretiva é também conhecida como o processo “operar até quebrar” que têm custos elevadíssimos (o mais oneroso de todos os tipos), provocando os maiores prejuízos financeiros.

​Manutenção Preditiva – É um sistema de manutenção baseado em medições, aferições e possível monitoramento do desempenho de equipamentos ou da própria estrutura, cujas evidências se dão através da medição de trincas, flechas, desgastes das estruturas, nível de vibração de equipamentos, monitoramento da alteração de temperatura, pressão ou outros parâmetros que fogem da escala normal padronizada. Os relatórios deste processo servirão para nortear a necessidade de substituição de peças de instalações do edifício ou recuperação das estruturas em função dos seus ciclos de vida útil ou de indícios de perda de desempenho. A limitação do uso da manutenção preditiva está na disponibilidade de uma técnica efetiva de monitoramento e depende do conceito do custo X benefício de cada caso. A aplicação correta de um programa de manutenção preditiva poderá trazer os seguintes benefícios: disponibilidade máxima dos equipamentos, planejamento efetivo da mão de obra, facilidade de reposição de peças com a manutenção de um estoque mínimo, segurança operacional, qualidade da própria manutenção e gerenciamento global dos recursos. Diversas tecnologias foram desenvolvidas para auxiliar nos procedimentos de manutenção preditiva, dentre as quais se destacam: análise de vibração e ruído, emissão acústica, análise da lubrificação de sistemas mecânicos, termografia, ensaios não destrutivos, medidas de fluxo, análise de motores elétricos, detecção de vazamento e monitoramento da corrosão.

​Manutenção Proativa – É um método onde há a atuação simultânea de mais de um dos sistemas citados anteriormente, de forma sistêmica com a finalidade de garantir o maior nível de conservação e de desempenho do edifício, também conhecida como “manutenção produtiva” em função da aplicação simultânea de inúmeras técnicas e ferramentas de análise para alcançar níveis de desempenho superior aos das edificações que não adotam este procedimento. Este procedimento se originou nas manutenções de aeronaves e de máquinas importantes da indústria mecânica, evitando falhas operacionais, consequentemente grandes prejuízos financeiros. Geralmente se aplica em grandes edifícios para prolongar a sua vida útil em função dos grandes investimentos aplicados.

 

CONCEITOS DE PERÍCIA TÉCNICA EXTRA-JUDICIAL

O ilustre Prof. Tito Lívio Gomide (GOMIDE, 2015), considerado por muitos como o precursor dos estudos e conceitos mais amplos da engenharia legal brasileira, numa visão eminentemente técnica, divide a engenharia legal nos ramos de ENGENHARIA DIAGNÓSTICA e ENGENHARIA DE AVALIAÇÕES, como procedimentos técnicos para proceder investigações e possíveis soluções, visando a resolução de problemas extrajudiciais e de natureza eminentemente técnica.

Dividiu ainda a Engenharia Diagnóstica em procedimentos investigativos de VISTORIA, INSPEÇÃO, AUDITORIA, PERÍCIA e CONSULTORIA, enquanto que a Engenharia de Avaliações foi caracterizada pelo ilustre professor pelos itens OBJETIVO, INSPEÇÃO, PESQUISA e METODOLOGIA. Embora essa segunda opção da engenharia legal esteja voltada mais para atuação nos campos administrativos e extrajudiciais, seus relatório técnicos poderão eventualmente servir também de base para nortear demandas judiciais por se tratar de peças técnicas devidamente fundamentadas por especialistas e que têm grande peso na resolução de conflitos litigiosos.

Portanto, embora muitas vezes a engenharia legal seja citada de forma genérica, há praticamente um consenso do meio técnico sobre seus campos de atuação e suas subdivisões, conforme entendimento consolidado pelo Prof. Gomide (GOMIDE, 2015), tendo como primeira concepção as ações técnicas voltada para auxiliar juízes, promotores, advogados e demais operadores do direito, enquanto que a engenharia legal extrajudicial definida na segunda concepção está mais voltada para elaboração de diagnósticos, prognósticos e avaliações monetária de bens imóveis, além de apontamento das possíveis soluções para a correção de defeitos e anomalias construtivas, além da prevenção ou correção de manifestações patológicas decorrentes do uso e manutenção das obras em geral.

Como já mencionado, o engenheiro poderá atuar amplamente nos dois campo de atuação da engenharia legal para órgãos públicos ou privados, incluindo, empresas, condomínios e pessoas físicas, no sentido de auxiliar na solução de conflitos, como também para atender às demandas de problemas técnicos construtivos, de uso e de manutenção, sendo imprescindível conhecimentos básicos de direito processual civil, por lidar com processos judiciais, especialmente os conceitos voltados para a prova técnica pericial.

ENGENHARIA LEGAL NA

VISÃO DO ENGENHEIRO

 

De uma forma praticamente consensual, a expressão  Engenharia Legal para os engenheiros é a área do conhecimento que tem por objeto a interface entre as áreas da engenharia e do direito, especificamente no tocante a elucidação de conflitos judiciais ou extrajudiciais, podendo ser subdividida em Engenharia Diagnóstica e Engenharia de Avaliações, de acordo com o prof. Tito Lívio Gomide (GOMIDE, 2015).

Ainda de acordo com o ilustre professor, que é um dos precursores dos estudos desta área no Brasil, a engenharia legal pode ser dividida em duas outras áreas distintas: Engenharia Diagnóstica e Engenharia de Avaliações.

A Engenharia Diagnóstica é o campo da engenharia legal que cria ações proativas, por meio dos diagnósticos, prognósticos e prescrições técnicas, visando a qualidade total, sendo subdividida em vistoria, inspeção, auditoria, perícia e consultoria.

VISTORIA - É a simples constatação de um fato, uma condição ou um direito relativo a uma edificação, mediante a verificação "in loco" através de técnicos experientes e geralmente sem uso de instrumentos sofisticados.

INSPEÇÃO - Acrescenta aos elementos da vistoria a análise técnica e grau de risco.  É realizada através de especialistas e com o uso de instrumentos específicos.

AUDITORIA - acrescenta aos elementos da inspeção o atestamento ou não atestamento de conformidade com relação a dispositivos legais, normas técnicas ou procedimentos padrões.

PERÍCIA - acrescenta aos elementos da auditoria a determinação da origem, causa e mecanismos dos processos investigados.

CONSULTORIA - acrescenta aos elementos da perícia o prognóstico e a prescrição da solução dos problemas, quando possível.

Já a Engenharia de Avaliações é o campo da engenharia legal que cria ações proativas, por meio de métodos e modelos científicos próprios, alimentados por dados colhidos em pesquisas de mercado, através de modelos de inferência estatística para atribuir um valor monetário a um bem.

Os Custos da Manutenção Predial

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Fonte: ABCEM

Os valores das obras de manutenção predial no Brasil chegam até 2,5% dos custos totais da construção original, segundo estudos científicos, cujos desembolsos serão menores na medida em que o processo seja conduzido de forma técnico-científica através do gerenciamento de profissionais especialistas no assunto. Um sistema de manutenção proativo bem planejado e gerenciado adequadamente poderá reduzir os custos das operações a valores menores que 1% / ano  do custo da obra.

 

Olhando para um cenário macro econômico, os custos com o processo de manutenção corretiva no Brasil chegam a um percentual alarmante de 3,5 % do PIB / ano, o que mostra a quantidade de dinheiro que está sendo" jogada pelo ralo" e que poderia ser investida em outras áreas Além dos vultuosos prejuízos financeiros causados aos proprietários de imóveis e condomínios pela falta de manutenção adequada nas obras, os procedimentos corretivos causam grandes transtornos operacionais, ambientais, sociais e financeiros.


O conceito de manutenção está ligado subjetivamente ao estado de preservação de todas as partes construtivas de uma obra, além dos conceitos objetivos relacionados. Porém, muitas obras deixam de ser utilizadas muito antes da sua vida útil em função da obsolescência que fazem com que as mesmas percam a sua funcionalidade por questões usuais. Outras precisam de manutenção corretiva em função de erros de projeto e/ou de execução que colocam em risco a edificação.

 

Toda obra precisa de manutenção e não tem "vida eterna", devendo o projetista estimar a sua vida útil juntamente com um plano de ações preventivas que reduzirão os riscos de problemas patológicos futuros. Na medida em que a manutenção preventiva falha ou é ausente, problemas poderão surgir, exigindo procedimentos mais complexos do processo de manutenção corretiva que têm custos muito elevados.
Através do monitoramento da degradação estrutural é possível baixar os custos da manutenção predial devido a detecção antecipada da corrosão nos edifícios.

Todo Sistema Construtivo Necessita de Manutenção

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O processo de recuperação de qualquer edificação é influenciado substancialmente pela qualidade da gestão da manutenção. Os custos com a recuperação dos sistemas que apresentam baixo desempenho são muito elevados, daí a necessidade de promover ações proativas para que a edificação possa atingir a sua vida útil de uma forma econômica e previsível. Toda obra precisa de um cronograma e de uma política de gerenciamento de manutenção de acordo com suas características.

Quando o processo é bem conduzido por especialistas, os custos com as reparações caem vertiginosamente, podendo ficar em patamares menores que 1% ao ano com relação ao valor do imóvel, sendo detectado qualquer princípio de manifestação patológica haverá a necessidade imediata de uma intervenção para o restabelecimento do desempenho da edificação. É bom lembrar que a maioria dos desgastes nos sistemas construtivos poderão ser previstos estatisticamente, desde que haja uma gestão profissional.

Toda edificação necessita de manutenção, independente da sua idade e da forma com que foi construída. A partir de julho/2013 a obrigação da manutenção de prédios residenciais passou a ser também um problema de ordem legal, conforme as Normas Técnicas Brasileiras de Desempenho (NBR 15573) que estabelece responsabilidades para construtoras / incorporadoras, fornecedores de materiais, autores de projetos e para o próprio condomínio como gestor da manutenção preventiva.

Os maiores problemas nas estruturas vêm ocorrendo em edificação que mantem os processos de manutenção de uma forma amadora e executando as reparações estruturais apenas quando se observa visualmente o surgimento de corrosão nas armaduras, encarecendo muito os custos com as correções. Com o desenvolvimento tecnológico surgiu a chamada manutenção preditiva que nada mais é do que alguns procedimentos científicos que servem para monitoramento periódico das estruturas, antecipando-se aos picos dos processos corrosivos, o que minimiza significativamente os custos com suas reparações.

As investigações periódicas no concreto armado ocorrem través de leituras programadas dos potenciais de corrosão e de outros parâmetros técnicos, identificando os problemas ainda na sua fase embrionária, anos antes do surgimento visual das degradações, o que gera grade economia financeira para as obras de manutenção, além da diminuir os transtornos causados com grandes intervenções no futuro.
Os processos de manutenção dos edifícios são fatores importantes para que os mesmos possam atingir a sua vida útil, independentemente da qualidade da construção que foi submetida a edificação.

Toda obra precisa de uma política de gerenciamento de manutenção para a implementação dos reparos ou de recuperação dos sistemas construtivos. O ideal é que as manutenções sejam planejadas e gerenciadas por especialistas para reduzir os custos das operações, minimizar os riscos e otimizar os processos de operacionalização.

As manutenções prediais podem ser classificadas de acordo com algumas características que levam em consideração a necessidade de uso, custos, nível de facilidade ou de dificuldade nas execuções e grau de desempenho. Por exemplo, se uma lâmpada deixa de funcionar em um acesso onde existem outras lâmpadas no entorno, embora o equipamento precise ser substituído, não provocará um grande impacto no uso da edificação. Quando se trata do funcionamento de bombas hidráulicas, sistemas de segurança e fornecimento de energia elétrica, o impacto negativo vai aumentando e a resposta deverá ser bem mais rápida do que a troca da luminária do exemplo anterior.

Existem problemas na edificação que, se não detectados logo no início, poderão causar grandes prejuízos financeiros no futuro e até mesmo colocar em risco a edificação. São os casos das manifestações patológicas que ocorrem no sistema estrutural e nas instalações elétricas, hidrossanitárias e combate a incêndio. Diversos prédios desmoronam todos os anos e em quase todas as regiões do país pela ausência ou deficiência de  um sistema de manutenção adequado.

Para uma edificação atingir sua durabilidade prevista é necessária a execução sincronizada de uma série de ações técnicas, administrativas e financeiras, que na visão da engenharia diagnóstica, divide o produto imobiliário nas fases de PLANEJAMENTO, PROJETO, EXECUÇÃO, ENTREGA e USO, denominadas de “PPEEU” (Gomide, 2015).

As três primeiras fases são de responsabilidade exclusiva da construtora, enquanto que a última é de responsabilidade dos proprietários.
Já a "fase de entrega" consiste no ato em que a construtora entrega o imóvel para seu proprietário, de modo que envolve responsabilidades de ambos.

Aspéctos Legais e Normativos da Manutenção de Prédios Residenciais

No Brasil, a manutenção das edificações residenciais é obrigatória e regulada através das normas da ABNT, NBR 5674/2012 e NBR NBR 16747/2020, dentre outras, cujos procedimentos deverão ser realizados exclusivamente por profissionais habilitados, preferencialmente especialistas, visto que, os sistemas construtivos são bastante complexos e necessisitam dos profissionais a interpretação de projetos, manuaias e outros documentos técnicos, tarefa essa que teria muito dificuldade de ser exercida por leigos. Vale salientar que, os procedimentos de manutenção preventiva devem ser descritos ainda na fase de desenvolvimentos dos projeto originais da edificação. Quando não existem os procedimentos de manutenção preventiva, faz-se necessária a contratação de especialistas para a elaboração desses manuais técnicos. Apesar das recomendações normativas e da imposição legal do Código de Defesa do Consumidor que obriga as incorporadoras a cumprirem as normas técnicas, é comum observar prédios sendo entregues sem o Manual de Uso e Manutenção. Em algumas situações existe o manual, mas em desacordo com as normas técnicas brasileiras, o que constitui um desrespeito da legislação vigente.

Em 2013 a ABNT criou as Normas de Desempenho NBR 15.575 com a finalidade de balizar direitos e obrigações de  construtoras, incorporadoras, projetistas, fornecedores de material e construção e até mesmo dos próprios usuários que passam a responder por suas ações ou omissões por períodos que vão bem além dos prazos da garantia legal do edifício.

A partir da NBR 15.575  a responsabilidade das incorporadoras e de seus fornecedores envolve as fases de planejamento, projetos, execução e entrega da edificação, enquanto que a responsabilidade dos usuários consiste nas fases de uso e manutenção. Somente para se ter uma ideia, o prazo mínimo para que um sistema estrutural residencial funcione adequadamente passou a ser de 50 (cinquenta) anos a partir da vigência desta norma, sobre a qual estarão todos os envolvidos sujeitos a ações de indenização, ou até mesmo responder criminalmente, caso ocorra alguma lesão ou morte de pessoas.

As Principais Manifestações Patológicas do Concreto Armado

O concreto armado é uma mistura de cimento Portland, areia, brita, água e aço, formando uma estrutura altamente resistente à compressão, com resistência normalmente projetada para 20 MPA a 50 MPA, podendo ultrapassar este limite em condições especiais. É um dos materiais mais utilizados no mundo em função dos reforços que recebe das armaduras de aço, o que proporciona grandes resistências, tanto a compressão, quanto a tração. Sua tecnologia é conhecida universalmente e sua utilização tem custo relativamente baixo, além de boa resistência ao fogo. Ainda é o sistema estrutural mais popular do mundo. 

Até algumas décadas atrás, grande parte da comunidade científica pensava que o concreto armado tinha "vida eterna". Porém, com o envelhecimento das obras, se verificou que principalmente o aço utilizado na sua composição sofre degradação com o tempo, principalmente quando a obra foi mal projetada e/ou mal construída. O processo de manutenção também tem grande influência na durabilidade das estruturas de concreto armado, devendo ser monitoradas permanentemente para que a estrutura consiga atingir com segurança e economia a sua vida útil programada.

 

PRINCIPAIS PROCESSO DE DEGRADAÇÃO NO CONCRETO

1.  Penetração de Cloretos

É a representação gráfica da penetração de cloretos em ambiente marinho onde inicialmente os mesmos se depositam na superfície do concreto e depois se transfere para o interior através dos processos de penetração (permeabilidade e absorção capilar) e difusão de íons (fluxo de região com alta concentração para outra de baixa). Enquanto a penetração ocorre em função do transporte de íons dissolvidos, a difusão não depende de um fluxo de água, mas de um eletrólito e um gradiente de concentração de cloretos.

Os íons cloretos destroem a camada passiva de óxidos da armadura do concreto armado de forma diferente do processo de carbonatação, não existindo uma redução generalizada do PH no concreto. Age como catalisador para o processo de corrosão quando ele existe em concentração suficiente para dissolver a camada de óxidos na superfície da barra, sendo altamente prejudicial quando ultrapassar os limites recomendados.

2.  Ataque por Ácidos

O contato do concreto com ácidos em altas concentrações não é habitual. Já a ação de chuvas ácidas nos grandes centros e nas áreas industriais é mais frequente. Os ácidos sobre o concreto atuam destruindo seu sistema poroso e produzindo uma transformação completa na pasta de cimento endurecida. O resultado destas ações é a perda de massa e uma redução da seção do concreto, favorecendo os demais processos de degradação.

3.  Ataque por Sulfatos

Os sulfatos (ânion carregados negativamente e oxigenado) podem ter origem nos materiais que o compõe o concreto (cimento, água de amassamento, agregados) ou no contato do concreto com os solos ou águas ricas com este agente. O ataque produzido por sulfatos provoca uma ação expansiva, que pode gerar tensões capazes de fissurar o próprio concreto, favorecendo os demais processos de degradação. Os sulfatos podem reagir com os compostos hidratados do cimento, originando produtos capazes de expandir e/ou reduzir o concreto a uma massa pastosa ou não coesiva, afetando assim a durabilidade da estrutura.

4.  Ataque por Sulfetos

Os sulfetos (ânion carregados negativamente sem oxigênio) ao sofrerem um processo de oxidação podem liberar íons sulfatos, os quais podem desencadear o desenvolvimento de fenômenos patológicos com expansão e/ou reduzir o concreto a uma massa pastosa ou não coesiva, afetando assim a durabilidade da estrutura.

5.  Frente de Carbonatação

A carbonatação é um processo onde o gás carbónico [CO2] existente na natureza penetra nos poros do concreto e passa a reagir com elementos alcalinos do cimento. O concreto armado em condições normais tem um PH em torno de 12.5. Quando ocorre a reação de carbonatação com a combinação do gás carbono [CO2] e o hidróxido de cálcio [Ca(OH)2], ai ocorre a diminuição do PH do concreto. O produto principal da reação é o carbonato de cálcio [CaOH3], onde há uma diminuição do PH para algo em torno de 9,4, criando assim as condições para a despassivação das armaduras e o consequente início processo de corrosão. A intensidade da corrosão devido à carbonatação é influenciada pela espessura do cobrimento e, como ordem de grandeza, um concreto de mediana qualidade apresenta uma velocidade da carbonatação em torno de 1 e 3 mm por ano.

6.  Reações Álcali-Agregado (RAA)

Essas reações ocorrem no estado endurecido do concreto em idades tardias entre os álcalis (óxido de sódio ou óxido de potássio presentes no clínquer dos cimentos) com agregados reativos (presentes em algumas areias e britas) e na presença de alta umidade, causando expansão pela formação de um gel expansivo (de gel de sílica, gel sílico-alcalino) que absorve água por osmose e se expande entre os poros do concreto, até que os espaços vazios terminem e leve a um aumento de tensão. Esse aumento nos esforços internos pode causar a fissuração e provocar a perda de resistência no concreto. Trata-se de uma das reações deletéria do concreto mais difícil de prever porque exige análises complexas e há poucos laboratórios habilitados no país. Mesmo assim, os casos no Brasil são localizados e o uso de cimentos especiais podem retardar os efeitos da reação RAA.

6.1  Reações Álcali-Sílica

A reação álcali-sílica é a mais comum forma de reação álcali agregada. Está relacionada à presença de sílica amorfa. A sílica amorfa está presente em agregados como opala, calcedônia, cristobalita, tridimita, certos tipos de vidros naturais (vulcânicos) e artificiais, e o quartzo.

Nessa reação há o ataque da sílica ativa pelo hidróxido de cálcio dissolvido a partir dos álcalis do cimento Portland , normalmente nos poros ou superfície dos agregados.

6.2  Reações Álcali- Silicato

É considerado um caso particular reação álcali-sílica, ocorrendo quando uma camada de silicatos argilo minerais), presente na forma de impureza reagem, porém mais lentamente. De forma resumida a reação se processa quando os hidróxidos dos álcalis reagem com os silicatos e agregam-se entre a pasta do cimento e o agregado constituindo um gel sílicoalcalino que se expande.

É a reação mais comum no Brasil devido à utilização de quartzito, granito e gnaisses rochas de mineralogia (quartzo e feldspato). A identificação dessa reação é mais difícil se ela estiver associada a reação álcali-sílica que processa mais rapidamente.

 

6.3  Reações Álcali-Carbonato

Essa reação ocorre entre alguns tipos de calcários dolomíticos e os álcalis presentes no concreto. É o tipo mais agressivo além de ocorrer em idades mais jovens, porém como depende de substâncias mais raras nos agregados seu número de ocorrência é menor. É a única em que não se forma um gel expansivo, mas uma combinação dos álcalis com hidróxidos de magnésio, que causa a "desdolomitização" do agregado. A "desdolomitização" modifica a estrutura do calcário, provocando aumento de volume e enfraquecimento da ligação pasta-agregado. Essa reação também é a única que o uso de pozolana pode não ser efetivo, nesse caso a escória de alto de alto forno apresentaria melhor resultado por reduzir a permeabilidade. Na reação álcali-carbonato diferentemente das demais não é formado gel expansivo, ocorre a expansão do mineral Brucita [Mg(OH)2]. Além disso, também há a formação de carbonatos cálcicos e silicato magnesiano.

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